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Ingrid, aos 18 anos, estudante de economia, acabou de chegar em Uberlândia para estudar  na Universidade Federal de Uberlândia. Descobriu ainda na escola a aptidão para a área.

"Quando estudava história ou geografia, já gostava de entender os aspectos econômicos do lugar, porque a civilização era de certa forma e como a economia refletia nisso. A vida me fez gostar de economia."


De Ribeirão Preto, cidade onde fica um campus de economia da USP, sempre estudou para a Fuvest e foi uma baque quando não passou. Assim, nos últimos minutos do segundo tempo, escolheu a Universidade Federal de Uberlândia. 

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 "A UFU veio na minha vida. Coloquei UFU pois era o lugar mais perto e sabia que era muito bom o curso aqui. Quando vim pra cá foi diferente, porque na faculdade que eu iria fazer era uma pegada mais ortodoxa e cálculo e quando vim pra cá não tinha visto a grade, e acabei descobrindo que é mais heterodoxa e com uma visão crítica, mas hoje quero formar aqui."

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A escolha do pensionato  também não foi totalmente planejada. Conhecendo muitas experiências ruins de outras pessoas, a primeira vista pensava em dividir apartamento. Hoje acredita que o lugar é um dos responsáveis por proporcionar um acolhimento maior estando longe dos pais.

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"Sempre ouvi experiências ruins com pensionato. Eu achei que ia ser muito ruim, queria morar em apartamento, que tem mais liberdade, né? Sem regras. Mas tem sido muito bom, porque morar com outras meninas que estão vivendo a mesma coisa é incrivel e uma apoia a outra. Todas estão no primeiro período, entendem o que é ter saudades, as vezes a gente chora juntas. Na primeira semana, primeiro mês, foi muito difícil, mas está sendo muito bom."

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Apesar da surpresa em sua boa experiência no pensionato, admite que a saudade de casa foi difícil para ela e também para os pais: "Foi difícil, principalmente minha mãe, porque a gente tem uma relacionamento muito próximo. Ela é professora, esperava uma hora até eu sair do colégio para fazermos academia, mercado, tudo juntas. Quando eu decidi vir pra cá, foi muito difícil pra minha mãe apoiar, ficou muito triste, mas falou para eu ir e voar. Ela sofreu muito, chorou muito, no primeiro mês mandava mensagem todo dia chorando, dizendo que tinha ido fazer alguma coisa e lembrou de mim. Meu pai é mais fechado, mas ele também sofreu muito. "

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 Necessária mas difícil, assim é a experiência para ingrid, ainda nos seus primeiros meses como estudante de uma universidade morando fora de sua cidade.

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"É estranho, a gente acorda e quer dar um abraço na mãe, não tem pai. Tem que fazer tudo. Você abre a geladeira e vê que não tem leite e você tem que ir no mercado sozinha. Aprende a cuidar do seu dinheiro, das suas coisas, porque não tem mais ninguém".

 


Sobre se sentir sozinha admite que acontece.

"A gente tem amigas aqui mas não e família, não e a mesma coisa e a gente tem que se adaptar a esse novo modelo de vida, né. É um pouco doloroso. A gente sai da casa dos pais, tendo uma vida muito feliz, a gente tem tudo e chega e vem pra cá e é um baque, então é difícil lidar com isso. É uma mudança muito rápida e as vezes a gente não consegue enxergar. Vir pra cá e começar a ter muitas aulas, os professores esperam um nível de maturidade que você não tem e você não conhece a cidade, não sabe em quem pode confiar. É uma loucura. São muitos sentimentos para lidar."


Nova na cidade, ainda não consegue dizer que conhece, mas gosta. Considera que o bairro, parte que mais conhece, acolhe bem os universitários. 

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"Eu ainda não conheco muito de Uberlândia porque minha locomoção se baseia em pés. Eu conheço só o bairro, Santa Mônica. Eu acho mais calmo aqui, apesar de vir do interior, era um interior mais agitado, mas eu gosto muito da cidade e dessa tranquilidade que faz bem. Eu paro e converso com alguns idosos, acho que o bairro tá acolhendo a comunidade universitária, então tem tudo por aqui e é bom."

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Ingrid mostra que está aprendendo a se adaptar a nova vida na cidade.  Antes voltava a cada quinze dias para ver os pais e agora consegue ir uma vez por mês e atribui isso as pessoas que conheceu e se apegou aqui. A igreja que frequenta também foi parte desse processo de adaptação, pois é lá que ela se sente acolhida e em casa, inclusive conheceu seu namorado nesse círculo religioso:

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"Incrível, eu nunca tinha namorado e foi muito rápido, porque como a gente mora sozinho as coisas são bem mais intensas. A gente se via todo dia na universidade, então é muito mais próximo e aconteceu muito rápido. Mas é ótimo, ter em quem confiar, sair... Isso faz com que eu não fique muito tempo em casa final de semana, pois se fosse ficar, era dia de chorar. A gente se conheceu na igreja. É casa. A igreja é composta por basicamente universitários, metade da igreja são universitários. Tem uma estrutura que acolhe, as famílias fazem almoço todo final de semana pra gente e domingo depois da reunião tem jantar para gente."

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Sobre futuro, tem planos,  mas ainda considera incerto e mostra estar aberta às oportunidades durante a graduação. 

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"Vai depender da carreira que eu escolher seguir, se eu for para o mercado financeiro vou pra São Paulo. Se for gestora de empresa vou procurar onde tiver espaço, provavelmente em Uberlândia. Se eu for casar, meu namorado não é do brasil. Não sei como vai ficar tudo isso."

Entrevista por: Julia Alvarenga

Texto por: Beatriz Souza

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